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Yago Quiñones Triana

Programa Clandestino - Wilfrido Vargas

Programa Clandestino 143 – Carranga

 

Nota 1

Está começando agora, na Rádio Eixo, música sem algoritmos, mais um Programa Clandestino, música sem documentos. Lembrando que o nosso Programa Clandestino, nessa temporada 2024, é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, FAC-DF

E chega no Clandestino o homem divertido, chega no Clandestino o funcionário, chega no Clandestino o jardinheiro, chega no Clandestino Wilfrido Vargas. Lá da República Dominicana, chega um dos representantes mais importantes do gênero e do ritmo do Merengue. Talvez o cara que conseguiu fazer desse ritmo tradicional um gênero global, um gênero comercial, para ser lançado em toda a Latino-américa e até parte da Europa. É o Wilfrido Vargas, um exponente do Merengue, como a gente já falou, que é um ritmo que a gente já tratou em outro Programa Clandestino anterior. Mas o Wilfrido Vargas, pela sua importância, pela sua relevância, pela sua função dentro da história do ritmo, realmente merecia um Programa a parte.

E a gente começou a escutando nesse nosso Programa a música, precisamente, El Hombre Divertido, que traz um pouco do que significa esse ritmo para os nossos países hispanos. O Merengue é um ritmo dançante, é um ritmo fácil de dançar, que não pode faltar nas festas de fim de ano, e que em geral não tem umas letras muito profundas, mas fala de temáticas simples como amor, como a felicidade, como a música em geral, e como a vida cotidiana dos nossos países. Começamos a então escutando essa música, El Hombre Divertido, mas a gente vai dedicar esse nosso primeiro bloco, a alguns clássicos da história da música hispano-americana tocados pelo Wilfrido Vargas, que nasce na cidade de Altamira, na República Dominicana, e rapidamente demonstra um instinto natural, uma facilidade natural pela música. Ele nascido em uma família de músicos rapidamente começa a praticar, a estudar alguns instrumentos, ele começa com violão realmente, ainda que seja conhecido por tocar trompete, ele começa com violão. Tem uma formação relativamente clássica na República Dominicana, mas rapidamente descobre que os ritmos tradicionais, o ritmo do seu país tem mais saída e tem mais facilidade para a sua criatividade. O pai apoia muito ele, inclusive as primeiras composições que ele grava, são do seu pai. Mas ele passa rapidamente a trompete e cria a sua primeira orquestra e começa a criar o seu próprio estilo.

A gente vai começar escutando a música El Jardinero que, segundo o próprio Wilfrido Vargas, seria a sua masterpiece, a sua obra máxima, a sua ópera prima, já que combina várias tradições, combina várias influências. Aquela música originalmente, a versão original que é a base dessa música que a gente vai escutar, na verdade é uma música de um grupo haitiano, Barié, e a música chama Deep Express, uma música que ele pegou e sem muita formalidade, fez uma versão, isso sim, colocando nos créditos os autores originais. Botou uma letra própria falando do jardinheiro, até porque ele não entendia a letra original. E fez outras operações interessantes, como incluir a espetacular voz de Jorge Gómez, que vocês poderão escutar nessa primeira música desde nosso primeiro bloco, ele é claramente um homem, mas se caracterizava por ter uma voz extremamente alta. Tanto é que quando o Wilfrido Vargas encontra ele, tinha escutado ele de longe e achava que era uma mulher e, também, outra coisa interessante dessa música, foi botar o Eddie Herrera para fazer aquele rap que vocês vão escutar ali no meio, era uma coisa que nunca tinha sido feita, o próprio Eddie Herrera não acreditava que ele ia conseguir fazer uma coisa desse jeito, mas conseguiram e virou um sucesso absoluto.

Os arranjos que são feitos por Wilfrido Vargas também são espetaculares, e a gente vai continuar escutando algumas outras músicas, alguns outros grandes sucessos de Merengue do Wilfrido Vargas, notando que ele tem um cuidado muito especial pelas composições, pelos arranjos e pelo entrosamento dos instrumentos e as vozes. Wilfrido Vargas cantava vezes, mas se caracterizava por as suas orquestras ter uns cantores muito interessantes, e a gente vai perceber isso muito nas músicas que a gente vai escutar, como por exemplo o Volveré, que é de uma interpretação vocal espetacular, também a Medicina, Bachata Merengue, também a música Abusadora, onde vocês poderão notar, vocês poderão notar escutando com um pouco de atenção (o que é muito interessante e se repete em outras músicas do Wilfrido Vargas, em geral no Merengue, mas o Wilfrido Vargas levou às suas últimas consequências), o diálogo entre saxofones, geralmente saxofones barítonos, saxofones graves, em diálogo com as trompetes. Os trompetes geralmente levam a melodia e os saxofones respondem com uma harmonia que cria um diálogo que realmente é muito poderoso, é muito interessante, e ao vivo é espetacular. Vamos então de Clandestino Merengueiro, de Clandestino com Wilfrido Vargas, aqui no Programa Clandestino, como sempre, na Rádio Eixo.

 

Nota 3

E vamos entrando no nosso terceiro e último bloco de um Programa Clandestino dedicado ao grandíssimo Wilfrido Vargas, o rei do Merengue. Wilfrido Vargas, que desde os anos 70 produziu muita música, nos anos 80 e 90 foi praticamente o rei do Merengue, com grandíssimos sucessos, sucessos escutados na rádio de toda hispano-américa. Discos vendidos de forma extraordinária e que ainda hoje se mantém como uma figura vigente que se escuta, ainda que a sua produção tenha diminuído. Ele ainda está vivo, sofrendo algumas doenças realmente, e lutando sempre contra a sua abulia que afetou ele desde muito crença, que é uma espécie de apatia que leva à depressão. Talvez, inclusive por isso dizem, que ele começou a praticar a música para se dedicar ao instrumento, se manter ocupado e se manter conectado no gesto do mundo.

Depois de aquelas suas produções extraordinárias, realmente ele tem uma baixa de produtividade, durante um tempo não produz mais, e os últimos álbuns dele realmente tem umas experimentações onde a criatividade talvez passe ao segundo plano e vem umas experimentações com uma qualidade sempre alta, mas onde realmente a originalidade é às vezes talvez é discutível. Vamos deixar esse nosso último bloco para escutar umas músicas particulares que vão mostrar um pouco da versatilidade do Wilfrido Vargas, as suas tentativas, as suas experimentações que realmente nem sempre deram tão certo. Ao escutá-las hoje em dia, às vezes podem parecer um pouco inclusive engraçadas, vamos deixar o último bloco para essas músicas que realmente são particulares, saem um pouco da curva produtiva do Wilfrido Vargas.

Começando com a música Dime si te gustó, que tem uma introdução realmente muito particular, estávamos no meio dos anos 70, com aqueles sintetizadores com loops, parece que eles estão brincando com essas máquinas novas e aquela introdução realmente nos transporta diretamente para os anos 80, talvez uns anos 80 um pouco ingênuos, um pouco deslumbrados com a tecnologia. Continuamos escutando a música El baile del mono, que talvez vai assinalar o começo da era mais comercial do Wilfrido Vargas, onde talvez a criatividade e o talento fica no segundo plano. O importante era fazer uma música bem grudenta, que soasse nas rádios, se escutasse nas rádios, e vamos escutar também a música Tu eres un veneno que é cantada inclusive com a sua filha. A sua filha que estudou também música e que vai demonstrar um pouco isso aqui, para lembrar também um pouco a fase de Wilfrido Vargas como produtor. Ele não só tinha sua própria orquestra, tinha outra orquestra que se chamava Los hijos del rey, que seriam os filhos dele, e tinha também a famosíssima orquestra de Merengue que ele lançou que chamava Las Chicas Del Can junto com outras músicas. E a sua filha também, que ele que lançou, já que era um grande produtor, lançou vários artistas importantes graças a sua mão e ao seu talento, ao seu olho.

Escutaremos também a música Flores, Flores que parece realmente mais uma Salsa na composição dele e a música El Gallo Pinto que, na verdade, é uma gaita venezuelana, um ritmo de gaita venezuelana, ao qual também no futuro vamos dedicar o nosso Programa, a esse ritmo venezuelano tradicional. O Loco y la Luna é uma música bem diferente, bem particular, um cara que está contando uma história, é um cara obcecado com uma mulher, que sai à noite procurar ela, indo atrás dela e na verdade a lua é a única que dá bola para ele em um diálogo muito absurdo entre ele e a lua. E fecharemos com a música El Ciego, uma música realmente muito particular, cantada em parte em inglês e que faz uma mistura de uma balada em inglês, meio rock em inglês, pop em inglês junto com Merengue e faz uma mistura nem sempre bem conseguida, mas que demonstra que o Wilfrido Vargas gostava de experimentar, que o Wilfrido Vargas era versátil e gostava sempre de procurar novas sonoridades para os seus ouvintes. É o nosso Programa Clandestino, de Merengue, nosso Programa Clandestino dedicado à música e à obra do grande Wilfrido Vargas aqui como sempre na Rádio Eixo.

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