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Clandestino de Gaita Venezuelana

Yago Quiñones Triana

Programa Clandestino 160 – Gaita Venezuelana

 

Nota 1

Começa nesse momento mais um Programa Clandestino aqui, como sempre, na Rádio Eixo, lembrando que o nosso Programa Clandestino é realizado, nesse ano de 2024, com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, FAC-DF

E no final do ano, nesse período de Natal, vamos dedicar nossa programação a um gênero musical da Venezuela que é frequentemente associado ao período Natal, especificamente à gaita zuliana, da região de Zulia, na Venezuela, que tem como capital Maracaibo. É uma música, um gênero musical que é tocado durante todo o ano, mas é reconhecido e lembrado por ser tocado, por ser tradicional, por ser típico da época do Natal. É um gênero apresentado também em festivais e, em geral, um gênero muito coletivo, um gênero que é para ser interpretado, digamos, de forma tradicional, é cantado por um grande coro, muitas vezes composto por homens e mulheres, muitas vezes o coro faz uma resposta à voz cantada, solista.

É um gênero que está intimamente associado às festas familiares, às casas. Em seus quintais as pessoas se juntam para tocar a gaita que muitas vezes tem um tema natalino em suas letras, mas também é um gênero muitas vezes autorreferencial, muitas vezes a gaita fala da própria gaita, fala da interpretação do gênero, fala das tradições e da maneira como esse gênero deve ser corretamente interpretado. Também, às vezes, a música tem um contexto político, às vezes humorístico, muitas vezes nostálgico, e também fala muito sobre cidades, sobre as paisagens tradições da Venezuela. Então, vamos começar nosso primeiro bloco ouvindo algumas músicas, algumas gaitas tradicionais extremamente conhecidas, que falam um pouco sobre a vida cotidiana, que falam um pouco sobre as tradições da Venezuela. Começamos ouvindo a música Son Mis Deseos, uma música muito popular que está claramente associada ao período Natal. Continuaremos ouvindo um clássico, como La Grey Zuliana, com fundo político e outras muito famosas, muito importantes, bem engraçadas, como La Cabra Mocha, El Negrito Fullero, El Gran Gaitón, El Barrio de mis andanzas. Todas elas são gaitas tradicionais extremamente conhecidas, tocadas especialmente durante a época do Natal. Vamos começar nosso Programa de natal, nosso Programa Clandestino de natal com a gaita venezuelana da região do Zulia, aqui, como sempre, no Programa Clandestino.

 

Nota 2

Continuamos nosso Programa Clandestino natalino com um gênero muito associado ao Natal, embora também seja tocado em outras épocas do ano, é a gaita de Venezuela, mais conhecida como gaita zuliana, justamente por sua origem ser na região de Zulia, na Venezuela. Mas você pode se perguntar por que ela é chamada de gaita se não é possível ouvir nenhuma gaita enquanto ela está sendo tocada. Bem, a gaita venezuelana, a gaita zuliana, é um gênero musical que não utiliza nenhum instrumento que possa ser chamado de gaita. As origens do nome da gaita e as origens, inclusive, do gênero musical, não são muito claras, não há consenso entre os pesquisadores, entre os especialistas no assunto, mas existem algumas teorias que consideram a gaita uma tradição muito antiga. Alguns dizem que a gaita seria um nome associado a uma palavra espanhola, uma antiga palavra espanhola trazida pelos espanhóis, que se referiria ao bode ou cabra que seria o animal que se usaria a pele na construção de um instrumento importante da gaita que seria o tambor do furruco.

Mas há outros pesquisadores que dizem que a gaita, como gênero, como gênero de canto, é na verdade uma tradição vinda diretamente da África, trazida pelos trabalhadores durante a época da escravidão. Seria uma canção de lamento no começo, seria como outras tradições africanas nas Américas, uma canção de tristeza e que traria para essa tradição temas associados ao trabalho duro e aos abusos dos brancos. Mas também há outras teorias que associam a gaita com o mundo religioso, no começo seria cantado como um canto religioso, como um cántico religioso, e até hoje a gaita faz muitas homenagens à virgem de Chiquinquirá, que é uma virgem muito importante daquela região, chamada também como a Chinita, e é uma figura muito presente na temática da gaita zuliana, mas uma origem clara, uma origem historicamente definida, que seja consenso entre os pesquisadores, não existe. A única certeza talvez é aquele paradoxo de levar no seu nome gaita e não ser tocada nenhuma gaita dentro dos seus instrumentos tradicionais, dos quais falaremos mais para frente. Vamos continuar então escutando algumas gaitas um pouco mais modernas, para demonstrar que a gaita se transforma, a gaita tem a sua formação tradicional com seus instrumentos tradicionais, mas ela se transforma, ela se moderniza e vem sendo introduzidos outros instrumentos mais modernos e electrónicos. É a gaita venezuelana, a  gaita da Venezuela, a gaita zuliana da época natalina aqui no Programa Clandestino da Rádio Eixo.

 

Nota 3

Como já falamos, o ritmo tradicional da gaita, que inclusive foi declarado como patrimônio material da Venezuela, vem se transformando, vem cantando novas temáticas, vem sendo produzido com instrumentos modernos, mas tem uma formação tradicional que alguns conservadores, que alguns protetores do gênero ainda acham que seria a única formação para fazer gaita de verdade, já que tem uns instrumentos bem particulares, tem uma formação bem particular, muito característica que faz inconfundível o som da gaita.

Dentre os instrumentos tradicionais da gaita, o mais importante com certeza é o furro ou furruco, que seria mais ou menos, para vocês entenderem, uma espécie de cuica, ele tem uma tecnologia semelhante a cuica, é um tambor bem grande, muito maior que uma cuica, mas a vareta não está localizada internamente no corpo do instrumento. A vareta desse tambor fica do lado de fora e ao esfregar ela se faz um som tradicional, um ritmo tradicional que acompanha todas as gaitas. Depois, têm as famosas maracas, também conhecidas aqui no Brasil, e elas são muito importantes na gaita. E tem também o cuatro venezuelano, que é aquele instrumento de corda, de quatro cordas, muito usado em vários ritmos folclóricos, em vários ritmos tradicionais, não só na Venezuela, mas também na Colômbia. E por fim, temos a charrasca, que seria uma espécie de reco reco metálico, muito importante para marcar o ritmo, com um som muito alto, um timbre muito interessante. E temos também a tambora, que é um instrumento, um tambor tocado com dois ritmos, que tem duas levadas tradicionais, a levada velha e a levada nova, que marcam muito o ritmo e os tambores. Continuemos, então, escutando um pouco de gaita venezuelana em sua formação tradicional, mas também em formações mais modernas, com outros instrumentos e com outros sons um pouco mais contemporâneos. É o Programa Clandestino de Natal, no nosso especial de Natal com a gaita venezuelana, a gaita zuliana, um gênero musical muito associado a Natal.

 

Nota 4

E vamos fechar nosso Programa Clandestino, vamos fechar nosso último bloco, ouvindo algumas gaitas que falam explicitamente do Natal. Como vocês devem ter notado, os coros, os corais, as vozes dentro de uma gaita são muito importantes, esse ritmo geralmente tem uma métrica onde o cantor ou cantora solista abre a música e tem um coro que vai responder, esses coros, sempre grandes, com uma importante participação feminina, são característicos da gaita e fazem com que o gênero seja tocado coletivamente, em festas e muito comumente em festas de Natal. Então vamos encerrar nossa programação ouvindo algumas gaitas que vão falar sobre o Natal, que vão falar sobre a festividade, e como sempre acontece em nossos países, o Natal nem sempre é sinônimo de felicidade e alegria, às vezes é com muita tristeza, muita solidão. Vamos terminar ouvindo músicas natalinas que falam do Natal, que falam da festa, que também homenageiam a Virgem de Chiquinquirá, e que também falam da importância de manter as tradições, de respeitar os valores do ritmo da gaita e transmitir o ritmo da gaita para as gerações futuras. Encerraremos este Programa com a música “La voy a tocar a pie”, que fala justamente das tradições, que fala justamente da importância das crianças e dos jovens herdarem a gaita e levá-la para o futuro. É o Programa Clandestino de Natal, o Programa Clandestino da gaita venezuelana, da gaita zuliana, aqui, na Rádio Eixo, música sem algoritmos.

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