Programa Clandestino 136 – Joe Arroyo II
Nota 1
Bem-vindos a mais um Programa Clandestino, Música sem Documentos, aqui como sempre, na Rádio Eixo. Devemos lembrar que nessa temporada 2024, o nosso Programa Clandestino é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal FAC-DF.
E nesse nosso programa vamos fazer a segunda parte, vai ser o segundo episódio dedicado ao grandíssimo compositor, cantor, arranjador, músico, artista, colombiano, Joe Arroyo. Vai ser o segundo desse nosso especial, já que um programa só não foi suficiente para marcar, para abraçar a sua importantíssima e variada, influente obra musical. E a gente começou escutando nesse nosso programa uma música que é um clássico absoluto, é talvez a música mais conhecida do Joe Arroyo, é talvez a música mais comentada do Joel Arroyo e, com certeza, é a música mais conhecida fora do país. Tem inclusive que diz, talvez é um exagero, mas tem inclusive que diz que a música foi utilizada como texto de estudo em universidades estrangeiras para trabalhar, para entender o tema da escravidão, o tema da violência, dos abusos durante a escravidão, durante aquela época muito escura, muito terrível, muito violenta e selvagem na nossa história universal e, especificamente de nossa história americana, aquele infame comércio triangular.
Nessa música, La Rebelión, o Joe Arroyo vai trazer uma história sincera, uma história simples, mas que com certeza foi muito comum. Com certeza aconteceu muitas vezes durante essa época difícil da nossa história, que era o caso no qual um casal de africanos escravizados era abusado pelo seu amo branco espanhol. Numa dessas situações de abuso, o branco, o amo espanhol, o dono, entre aspas, dos escravos bate na mulher negra, na mulher escrava, na mulher escravizada e o marido dela, o seu companheiro, fica muito bravo e responde também fisicamente aos abusos e pede para o branco, para o homem branco, respeitar a sua mulher. Tem então toda essa história porque também devemos lembrar que o Joe Arroyo foi nascido, nasceu na cidade de Cartagena, que era um porto, um conhecido porto de entrada e saída de escravos, de entrada de seres humanos escravizados.
Essa música ficou muito famosa, muito conhecida e muito citada. E não só pela sua temática, não só pela letra, mas também pela sua qualidade musical. Começamos, estou escutando essa música famosíssima e importantíssima do Joe Arroyo, mas nesse nosso primeiro bloco vamos nos dedicar a escutar algumas músicas que falam um pouco da vida do Joe Arroyo. Aquela biografia turbulenta, aquela biografia um pouco complexa de uma pessoa extremamente sensível, uma pessoa que veio das camadas mais humildes, que teve que lutar muito para sobreviver, que teve que lutar muito para ser reconhecido E que teve sempre que demonstrar que tinha o talento para estar no lugar em que ele estava. Foi também uma pessoa de muitos excessos. Devemos lembrar que ele foi morar no bairro de cima, nos deixou somente com 55 anos, afetado por várias doenças que, muitos dizem, era fruto também dos seus excessos.
Uma pessoa que era consciente dessa sua fraqueza, sua fraqueza com relação a algumas sustâncias, com relação a alguns excessos. Ele vai trazer isso em algumas das suas músicas. Muitas vezes ele era acusado, muitas vezes ele era sinalado e também tentava sair, tentava se refugiar, tentava dar a volta para cima. E ele registrava, registrou isso muitas vezes nas suas músicas. Então vamos começar esse nosso primeiro bloco com uma música alegre, uma música bem engraçada, que ele vai cantar junto com seu amigo e colega do mundo, do Vallenato, aquele ritmo colombiano, que é o Diomedes Diaz, que é uma figura bem particular e que é uma figura bem parecida também com o Joe Arroyo. Também com muitas polêmicas, também com uma biografia bem turbulenta e que também morreu bem jovem e dizem que isso foi causa também por os excessos que ele fez na sua vida. O Diomedes Dias e o Joe Arroyo cantam a música Ron pa todo el mundo, que é uma música que basicamente na sua letra (é uma música de carnaval), eles os dois vão convidar para uma festa e vão dar rum para todo mundo, isso só para demonstrar que eles eram festeiros e registraram isso nas suas músicas.
Vamos continuar escutando algumas músicas que vão falar também precisamente dessas situações mais complicadas do Joe Arroyo, a música Echao palante, que é uma música onde ele vai falar de resiliência, vai falar de recuperação, vai falar de uma pessoa que é capaz de recuperar, de se recuperar do mau olhado dos outros. De se recuperar das más línguas, das fofocas que vão surgir entorno dele. E vamos continuar escutando A Dios todo le debo, que é uma música na qual ele um pouco se vai refugiar na religião, vai agradecer a Deus e vai pedir também para ele ajudar nessas suas situações mais complicadas. E fecharemos o nosso bloco escutando a música Inocente que é uma música onde ele vai se defender um pouco das acusações e vai retrucar, vai devolver as mais palavras que pesam sobre ele, e demonstrar que ele é inocente que ele é capaz de dar a volta por cima e continuar no topo. Então esse aqui é o nosso segundo programa dedicado ao Joe Arroyo, como sempre no Programa Clandestino da Rádio Eixo.
Nota 2
Vamos dando continuidade ao nosso segundo programa, dedicado ao grandíssimo músico colombiano Joe Arroyo. Joe Arroyo será lembrado pelas suas festas, pelos seus excessos, pelas suas amizades (talvez nem sempre tão recomendáveis), mas ele não cantava somente à festa, somente à diversão. Ele também cantava muito ao amor, e as pessoas próximas dele lhe deram muito carinho e muito amor. A gente vai pegar esse segundo bloco e vamos escutar algumas músicas nas quais ele, precisamente, vai falar dessas coisas.
A gente vai começar esse nosso segundo bloco, do segundo programa dedicado ao Joe Arroyo, escutando uma música da época, quando ele era o cantor do grupo, da orquestra Fruko y sus Tesos, que foi o começo da sua carreira. Vamos escutar a música Tánia, que é dedicada simplesmente a Tánia. E continuaremos com uma música belíssima que ele dedica a Tato, que não é outra coisa que uma das suas filhas. É uma música belíssima que ele dedica a sua amadíssima filha.
E continuaremos com uma música também de uma grande profundidade na sua letra, de uma sensibilidade na sua letra, que é uma música dedicada à mãe dele. É a música Mama, que é dedicada à mãe dele e ele vai contar, vai trazer algumas lembranças de quando ele era criança, de quando ele talvez ficava doente, e os cuidados da sua mãe. Ele vai falar que sempre, antes de dormir, sempre lembra da sua mãe e agradece todos os trabalhos que a sua mãe, mãe solteira, teve para criar os seus filhos ela sozinha. Como muitas vezes acontece, a mãe conseguiu perfeitamente, depois de muita luta, crescer os seus filhos.
E continuaremos com músicas mais românticas, outros ritmos como Fuego en mi mente, uma salsa mais romântica, e Noche de Arreboles, que também flerta um pouco o ritmo do Bolero, uma música romântica. E continuaremos com a alegrissima música super caribenha, Te Quiero Más, que simplesmente vai trazer essa letra, que aí já não é tão profunda, é uma letra mais simples, onde ele simplesmente vai declarar o amor para alguém. E fecharemos com a música Tal para cual, também super caribenha, uma música extremamente caribenha, que vai falar também do encontro de duas pessoas. Esse nosso segundo bloco, então, mais sentimental, mais amoroso, mais carinhoso, do grandíssimo Joe Arroyo, aqui, como sempre, no Programa Clandestino da Radio Eixo.
Nota 3
Vocês escutam o programa Clandestino da Rádio Eixo, dessa vez dedicado pela segunda vez ao grandíssimo Joe Arroyo. Joe Arroyo, entre as suas muitas composições, entre as suas muitas músicas gravadas e regravadas, entre as suas versões de músicas e outras, sempre deixou uma parte importante da sua temática, sempre deixou uma parte importante dos seus interesses para os dançarinos. Ele sabia perfeitamente que uma parcela importante das pessoas que escutavam a sua música eram também dançarinos. Ele sabia que a sua música servia sempre para dançar, não só para alegrar as festas, mas para dançar mesmo, para alegrar as festas noturnas, as festas das famílias, as festas nas boates. E ele dedicou então algumas das suas letras precisamente a esse assunto.
Vamos dedicar então, esse nosso terceiro bloco, às músicas do Joe Arroyo, dedicadas, explicitamente, a dança. Onde ele fala explicitamente de dançar e curtir uma festa, escutando as suas músicas. Vamos começar, então, escutando uma música muito conhecida, muito famosa, que chama El Centurión de la Noche, com o qual, inclusive, ele foi identificado. Um pouco o que acontece com o Rubén Blades, que compôs a famosíssima música Pedro Navaja, e algumas pessoas chamam ele de Pedro Navaja. Pois bem, com o Joe Arroyo aconteceu algo bem parecido, ele tem essa música, El Centurión de la Noche e, às vezes, ele era conhecido como El Centurión de la Noche. Música que não fala de outra coisa que da festa, de quem sai para a noite, curtir, procurar uma sua diversão.
E continuaremos com a música do título, já explícito, La Noche, que fala precisamente da noite, as coisas que acontecem na noite, na festa, na rua, na calçada. E continuaremos com a música chamada já também explicitamente Pal Bailador, que é uma música dedicada precisamente aos dançarinos, é uma música pra que nasce como uma música pal bailador. Continuaremos escutando a música Sin son ni ton, que fala também da boate, da noite, da pessoa que vai procurar talvez uma discoteca, vai procurar um barzinho durante a noite para esquecer um amor difícil, esquecer um amor não correspondido. E continuaremos com a música Quien lo sabe lo baila, que também do título já bem explícito, “quem o sabe, o dança”.
E fecharemos com a música que ele vai dedicar a cidade que o recebeu, que fez com que ele virasse um cantor, um artista famoso. Uma cidade que reconhece ele ainda hoje, muito pelas suas composições, pelo amor que ele tinha pela sua cidade. Já que ele nasceu na cidade de Cartagena, mas é um símbolo de Barranquilla, não só pela sua música, mas também pela sua participação nos carnavais. Como já falamos no programa anterior, por ter se tornado um grandíssimo, extravencedor, múltiplo vencedor do Congo de Ouro, que era o prêmio que se entregava, ou se entrega, ao melhor cantor, ao melhor orquestra, ao melhor artista dos carnavais de Barranquilla. E ele lhe dedica, então, essa música En Barranquilla me quedo, que uma música é um hino da cidade, e a letra dessa música vai falar que simplesmente ele vai ficar em Barranquilla, sua cidade favorita, e ele, apesar de tudo que possa acontecer, vai permanecer, vai ficar em Barranquilla. Então, é o Programa Clandestino, nesse bloco dançante, esse bloco dedicado aos dançarinos, dedicado aos foliões. É o Joe Arroyo aqui no nosso Programa Clandestino, como sempre, na Rádio Eixo.
Nota 4
E vamos chegando no final, vamos começando o último bloco desse segundo programa dedicado ao grandíssimo Joe Arroyo. E nesse último bloco, como se não tivesse ficado claro para o ouvinte, vamos dedicar esse nosso último bloco a demonstrar a versatilidade desse artista, a demonstrar como ele era capaz de transitar entre ritmos, de transitar entre sonoridades. Nesse último bloco vamos escutar alguns ritmos um pouco diferentes que ele também gravou. Como já falamos, ele era um artista muito reconhecido no carnaval, que gostava muito das tradições do carnaval e gostava muito de gravar também algumas músicas nesses ritmos tradicionais do norte da Colômbia, nesses ritmos tradicionais da costa caribe Colômbia. É o caso da música tradicional Las Cajas, que a gente vai escutar, e depois dessa música vamos escutar uma homenagem que ele faz a Estefania Caicedo, uma importante representante dos ritmos tradicionais de raiz africana do norte da Colômbia, do Bullerengue, com a música El Loro y La Lora. E continuaremos nesse nosso último bloco com a música La Mini Mini, que não é outra coisa que um ritmo de champeta, também surgido na região de Cartagena, lá por Palenque, pelos bairros mais populares da cidade de Cartagena, o ritmo de Champeta, ao qual já dedicamos um nosso programa Clandestino.
E fecharemos com a música Mostaza al Café, que realmente é uma música sem gênero, é uma música extremamente difícil de classificar, porque é uma fusão de vários ritmos caribenhos e que precisamente na letra e no título da música já traz essa tentativa de misturas impossíveis, que é mostarda e café, botar mostarda no café. Imagine essa mistura improvável. E ele vai trazer esse título, talvez para demonstrar que está misturando coisas improváveis, que está fazendo misturas novas, diferentes, mas que dão certo. Esse é o título da sua música Mostaza al café.
E fecharemos dessa forma esse nosso segundo programa dedicado ao grandíssimo Joe Arroyo, de uma biografia turbulenta, de uma biografia complexa, complicada, uma pessoa com uma grandíssima sensibilidade, que viveu a vida de forma intensa, tão intensa, que durou talvez pouco essa sua vida, mas que deixou um legado importantíssimo nos ritmos do norte da Colômbia, na música colombiana, na música tropical, na música caribenha. É isso, nossa homenagem ao grandíssimo Joe Arroyo com esse segundo programa que dedicamos a sua música, a sua bibliografia, a sua memória. É, como sempre, o Programa Clandestino, música sem documentos, aqui na Rádio Eixo.
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