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Yago Quiñones Triana

Programa Clandestino 141 – Boler


Nota 1

Está começando agora mais um Programa Clandestino, música sem documentos, como sempre aqui na Rádio Eixo, música sem algoritmos. Lembrando que esse nosso Programa Clandestino, no ano de 2024, é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, FAC-DF.

E dessa vez nosso Programa Clandestino vai ser dedicado a um gênero musical, como temos feito em outras ocasiões, vamos dedicar esse nosso espaço a falar um pouco da história, das características, dos principais artistas de um ritmo musical, dessa vez de um importantíssimo ritmo, o gênero do Bolero. Um ritmo que inclusive aqui no Brasil é conhecido, não exatamente com esse nome, mas tem vários artistas e músicas, do que se conhece espanhol como balada, que evidentemente trazem inspiração do Bolero.

O Bolero nasce, como outros ritmos musicais, na ilha de Cuba. Como já falamos, a ilha de Cuba realmente é um celeiro extraordinário de ritmos musicais, de artistas e de compositores. O Bolero, que pega algumas influências europeias, mas claramente dialoga com os ritmos e com a herança dos ritmos afro-latinos, dos ritmos afro-caribenhos, afro-cubanos, surge lá no final do século XIX e vai tomando forma, vai adquirindo umas características particulares, em um diálogo muito forte com outros ritmos cubanos, como, por exemplo, o Danzón. E vai tomando um pouco das influências do que eram os ritmos musicais tocados pelos “sextetos” e “septetos”, particulares lá de Cuba, e se expande por toda a ilha e, depois, realmente é no México onde se consolida e onde ganha todo o continente e poderíamos dizer quase, talvez exagerando o mundo todo. Sendo popular em países da Europa. Nos Estados Unidos também, obviamente, a partir da migração latina, mas também no Japão e na Coreia, ainda hoje é um ritmo muito popular, um ritmo muito conhecido.

O Bolero é um ritmo que se caracteriza pela sua temática romântica, fala sempre de amor, nem sempre de uma forma feliz, às vezes fala em desamor, em dor de cotovelo, ciúmes e abandonos, histórias de amor quebradas, histórias de amor infelizes. Mas sempre falando do amor de várias formas, e com a característica das suas letras ter lances bem poéticos explorando a poesia, explorando a língua espanhola de forma poética e falando diretamente do amor, falando diretamente para a pessoa a quem é dedicada a música.

O Bolero então surge em Cuba e como aconteceu com o Mambo vai pro México e lá, realmente se consolida. Mas a gente vai começar esse nosso primeiro bloco escutando alguns Boleros, alguns artistas cubanos, mas decidimos começar com a música, com a icônica música, o icônico Bolero, Bésame Mucho, tocado pela sua própria compositora Consuelo Velásquez, que é mexicana, que era também uma grandíssima pianista. E trazemos essa versão instrumental, que é a versão original do Bolero Besame Mucho, ainda que o Bolero seja praticamente uma música cantada, uma música onde a letra é importantíssima. Mas tem esse caso instrumental do Bolero Besame Mucho que a gente escolheu para começar o Programa, porque é uma música muito conhecida aqui no Brasil, muito conhecida, realmente no mundo todo, teve a versão dos Beatles. Mas essa é a versão original tocada pela sua própria compositora Consuelo Velásquez, que é mexicana.

Nesse nosso primeiro bloco vamos começar escutando algumas músicas, alguns Boleros cubanos e artistas cubanos, para enfatizar esse nascimento, essa origem cubana do nosso gênero. E a primeira música que a gente vai escutar nesse nosso primeiro bloco é uma música muito particular, chamada Tristeza, composta por Pepe Sanchez. É muito particular, porque é conhecido como o primeiro Bolero gravado da história. Tem várias versões, mas é o primeiro Bolero reconhecido como uma música gravada explicitamente no gênero do Bolero. E vamos continuar escutando nesse bloco alguns artistas bem interessantes, que vocês poderão notar, sendo cubanos, vão cantar, vão tocar Bolero, mas misturam com o som cubano, misturam com algumas sonoridades que são claramente mais tradicionais da ilha e Cuba, e que demonstram essa riqueza do Bolero que surge em Cuba, mas como veremos mais em frente, lá no México pega outras tonalidades, pega outras cores e toma umas características relativamente diferentes. Vamos começar então esse nosso Programa Clandestino, nesse nosso primeiro bloco, escutando Bolero cubano aqui, como sempre, num Programa Clandestino da Rádio Eixo.

 

Nota 2

E continuamos nosso Programa Clandestino romântico, Clandestino de romance, Clandestino  de Bolero, escutando um pouco de Bolero, falando um pouco desse gênero musical cubano, latino-americano, mas que ganhou o continente todo. Como já falamos, o Bolero nasce em Cuba, mas se é no México, onde talvez tomam as características mais globais, talvez mais comerciais, como aconteceu com o Mambo, muito atrelado à indústria grandíssima, importantíssima, indústria cinematográfica mexicana, que adorava juntar a música, juntar os grandes artistas, os grandes cantores, os grandes divos da grande tela, junto com a música, junto com o gênero musical.

Esses eram filmes musicais, onde a música cantava era Ranchera mexicana e, obviamente, também o Bolero. Lá, no México, então, o Bolero se comercializa, então vamos dizer entre aspas, e ganha umas características um pouco diferentes. Nesse nosso segundo bloco vamos escutar alguns grandes artistas, grandes cantores e cantoras de Bolero, vindos do México, onde vocês poderão, talvez, facilmente notar as influências da Ranchera e outras sonoridades que são mais típicas lá do grande país centro-americano. Tem alguns artistas que, no momento, era realmente superstars e que cantavam também outros ritmos, como Agustín Lara e Pedro Infante, eram realmente figuras características da cultura mexicana, muito particulares, figuras fundamentais, digamos, entre aspas, do folclore mexicano. Se vocês vão procurar no Google as imagens, e eles usam aquele sombreiro, aquele chapéu grande de mariachi, e realmente, no momento, eram mais grandes superstars e cantavam esses Boleros bem dramáticos, bem exagerados, onde a tristeza e o amor se misturavam de uma forma bem particular. Vamos fechar esse nosso bloco com Armando Manzanero que talvez seja o representante mais importante do Bolero recente mexicano e que nos deixou pouco tempo atrás. José José que vai nos cantar uma música triste, uma música muito famosa, muito conhecida também e que marcou uma época que pode ser considerada como a idade de ouro, a época dourada do Bolero, lá na metade do século XX. Muito apoiados pela indústria cinematográfica e onde o Bolero realmente conquista o continente todo, era um gênero extremamente popular, extremamente comum, que era um gênero também, devemos lembrar, um gênero dançante, era um gênero que se dançava, era um gênero que então juntando a temática, juntando aquele ambiente romântico, ao qual fazia referência, com a dança romântica. Então, vamos então começar esse nosso segundo bloco escutando alguns Boleros, alguns artistas mexicanos de Bolero para mostrar um pouco como o Bolero se transforma, se moderniza, se comercializa e a partir do México, conquista o continente todo.

 

Nota 3

O Bolero então nasce em Cuba com as características da música cubana, com algumas sonoridades próprias da música cubana, com aquela criatividade importantíssima que tem os músicos cubanos, e vai para o México, onde a partir do cinema conquista o continente todo, e isso realmente faz com que o Bolero então seja só escutado nos países hispanofalantes, mas seja também produzido alí. Para demonstrar isso, para trazer uma amostra disso, a gente nesse nosso terceiro bloco vai começar a escutar alguns Boleros compostos e cantados por artistas que saem um pouco daquele eixo Mexico-Cuba. Vamos então começar escutando uma música muito importante, História de um Amor, um Bolero realmente muito conhecido, que é uma composição original na verdade, de Carlos Almaran, mas que ficou também muito famosa na versão cantada por Lucho Gatica, que é um cantor chileno. E continuaremos escutando outras músicas importantes desse gênero musical cantado por outros artistas hispano-americanos, latino-americanos, como Daniel Santos, que era de Porto Rico, Julio Jaramillo, importantíssimo cantor e importante exponente da música hispana nascido no Equador. O saudoso Alci Acosta, o rei do romantismo lá na Colômbia, e Gilberto Santa Rosa, que é um cantor muito mais conhecido por cantar Salsa, mas que também tem explorado algumas músicas de Bolero. E fechando esse nosso bloco, escutaremos realmente o que pode ser considerado não como uma raridade, mas realmente um evento da música hispano-americana, que o Nat King Cole, quem canta, cantou muitas músicas em espanhol, entre elas cantou um Bolero, alguns Boleros. Vamos escutar o Bolero, Acércate más, na voz de Nat King Cole. Naturalmente vai se notar o sotaque dele, ele é um cantor norte-americano, mas ele canta espanhol, canta em espanhol e outras línguas, mas traz esse Bolero.

É o nosso Programa Clandestino, então, escutando um pouco de Boleros de outros países latino-americanos, escutando Boleros que demonstram como um Bolero conquistou o continente, conquistou todos os países hispanofalantes, não só como ouvintes, mas também como compositores, mas também como produtores desse importante gênero musical, muito popular, especialmente na metade do século XX, mas que, como veremos no próximo bloco, vem ganhando novos autores, vem ganhando novos exponentes, e vem ganhando uma segunda juventude. É o Programa Clandestino escutando um pouco de Bolero aqui, como sempre, na Rádio Eixo.

 

Nota 4

Continuamos com o Programa Clandestino, um Programa Clandestino romântico, um Programa Clandestino de romance, aqui, como sempre, na Rádio Eixo. E o Bolero pode parecer, talvez parecia, algum tempo atrás, uma música considerada pelos jovens, como música ultrapassada, uma música chata, uma música de velho, uma música dramática demais. Mas alguns artistas contemporâneos, alguns artistas jovens, vem redescobrindo esse ritmo, vem reconhecendo a importância grandíssima que tem esse ritmo e vem reconhecendo a riqueza musical e produzindo, cantando, não somente fazendo versões de Boleros, mas também produzindo novos Boleros.

E aí podemos dizer que talvez o futuro do Bolero está garantido e o futuro do Bolero está nas mãos de artistas que vão difundindo aos públicos mais jovens, que não escutam somente reggaeton e que realmente gostam também desse ritmo musical. Por isso, para fechar o nosso Programa vamos fazer nesse último bloco uma amostra de Boleros contemporâneos, de Boleros produzidos por artistas que estão em um momento mais alto da sua carreira e que explicitamente reconhecem a importância do Bolero e fazem questão de produzir e de cantar Bolero. Vamos começar então no último bloco, escutando alguns artistas que talvez já passaram aqui um Programa Clandestino, talvez nem sempre cantando Boleros, mas que são extremamente importantes e relevantes nesse momento.

Começaremos com o grupo colombiano Monsieur Periné, cantando a música Prométeme, continuando com Natalia Lafourcade, que já escutamos muitas vezes nesse nosso Programa, junto com Los Macorinos, ela que faz aquelas pesquisas sobre a música folclórica, música tradicional mexicana, evidentemente vai cantar aqui um Bolero novo. Adrián Quezada, que vai cantar Mentiras, junto com Ile, aquela cantora importantíssima, porto-riquenha que começou em Calle 13, ela que muitas vezes tem falado que inclusive a sua história, inclusive a sua técnica vocal, vem da lembrança de escutar com a sua avó aqueles Boleros antigos, que ela sempre adorou e agora está regravando.

Continuaremos com a importante mexicana Leila Downs, que gosta também de um dramatismo, gosta também de um sentimento exagerado, cantando o Bolero La Mentira. E continuamos com Mon Laferte, lá do Chile, mas que realmente fez e consolidou a sua carreira no México e que também gosta de um drama, de um amor não retribuído, dela trazermos o seu Bolero cantado por ela, chamado Antes de Ti. Fecharemos com o grupo Eletrodomésticos, lá do Chile, onde também é muito popular o Bolero, realmente é um grupo que se caracteriza e se caracterizou no seu começo por fazer o rock pesado, o rock industrial, mas bem explorando também o Bolero com a música, a Sabré Sufir.

E fecharemos o Programa com grupo Bloque Depresivo, um grupo formado por pessoas que exploram os ritmos folclóricos latino-americanos, como a Cumbia e o Bolero, que nos trazem para fechar o nosso Programa, a música El oro de tu pelo. Então. É o Bolero contemporâneo, é o Bolero moderno, é o Bolero tocado por artistas, jovens artistas que estão produzindo, que estão reconhecendo a importância do Bolero, e que não deixam o Bolero morrer, e que realmente demonstram que não é uma música antiga, não é música passada de moda, é uma música presente, uma música ativa, e que realmente une todo o continente hispano-americano. É o nosso Programa Clandestino de Bolero, é um nosso Programa Clandestino romântico, dessa vez, como sempre aqui na Rádio Eixo.

 

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