Programa Clandestino 158 – Ritmos Colômbia 2
Nota 1
Começa neste momento mais um Programa Clandestino, música sem documentos, aqui como sempre em Rádio Eixo. E lembrando que o nosso Programa Clandestino, nesse ano de 2024, é realizado com recurso do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, FAC-DF.
E esse nosso Programa Clandestino vai ser, será a segunda parte dos dois Programas especiais dedicados aos ritmos da Colômbia. Como já falamos, se sabe, se diz muito comumente que a Colômbia é um país com muitos gêneros, muitos ritmos musicais, diz a lenda que tem mais de 1025 ritmos musicais. Claramente a gente não vai conseguir escutar esses 1025, se é que é confiável essa cifra, que diz também que se agrupariam em 157 gêneros diferentes. Evidentemente, é impossível escutar todos eles também, porque às vezes, muitas vezes, as variações entre gêneros são poucas e também tem vários subgêneros, tem várias diferenças mínimas, tem várias variações regionais de instrumentos que realmente seria impossível entender aqui e trazer aqui. Mas é muita variedade, é muita riqueza e tivemos que fazer dois Programas Clandestino.
Então, se no nosso primeiro Programa Clandestino de ritmos colombianos, decidimos ficar mais nas costas, na costa pacífica, na costa atlântica, onde tem uma influência talvez maior, talvez mais marcante dos ritmos africanos, das culturas africanas, porém, sempre em diálogo com as outras componentes cultural da Colômbia, a cultura indígena, muito claramente, por exemplo, a Cumbia. Agora vamos pelo interior, subimos montanhas, vamos para a região andina, vamos para a região mais montanhosa, começamos a explorar aquela região central da Colômbia para terminar nas planícies, para terminar na savana que faz fronteira com a Venezuela.
Mas vamos começar ouvindo um pouquinho de música, ouvindo um pouquinho da tradição musical da região de Antioquia e da região que se chama o “eixo do café”, a região do café, onde é sempre uma cultura muito rural. Tem uma música muito bonita e muito particular, que talvez tenha como característica principal, os instrumentos de corda. O uso, o virtuosismo na execução destes instrumentos. Veremos o virtuosismo na execução dos instrumentos de corda, diferentemente do que acontecia no Programa anterior, onde talvez os ritmos fossem mais marcados, onde a característica era mais a dos tambores, dos instrumentos de sopro, como as gaitas. Mas vamos começar ouvindo, então, no nosso primeiro bloco, algumas músicas e danças da região central dos Andes colombianos. Vamos começar com um ritmo muito bonito, muito particular, que seria Trova, Trova de Antioquia, a Trova paisa, que como vocês verão, é um ritmo caracterizado por letras bem engraçadas, muito fofoqueiras, que trazem um pouco de humor, humor muitas vezes carregado de duplo sentido, e até mesmo vulgar para algumas pessoas.
Continuaremos ouvindo música de carrilera, com as famosas Las Hermanas Calles, ouvindo a música Borracho en la esquina, é importante dizer que essa música, música de carrilera, e outros gêneros semelhantes que vamos ouvir, são ritmos que às vezes são associadas aos amigos, a sentar para beber e esquecer das tristezas e das dores. Vamos continuar com a música El eletricista, que seria uma música no ritmo da parranda, realmente essa música tem na letra tudo o que a gente já estava falando: música com duplo sentido, música com, digamos, conteúdo questionável. E a seguir vamos ouvir algumas músicas que realmente lembram mais a dança, são gêneros musicais que são mais dedicados à dança, mais associados à dança que é executada junto com aqueles ritmos musicais. Ouviremos então um exemplo de chotis, um exemplo de redova e um exemplo de mazurca. Todos esses ritmos, ritmos dançantes, ritmos que são apresentados hoje em festivais, que são ensinados nas escolas, que têm seus trajes, às suas roupas particulares e que ainda são executadas pelos jovens. Então, vamos começar este nosso primeiro bloco na região andina, na região de Antioquia, ouvindo ritmos e danças daquela região, em nosso segundo Programa Clandestino dedicado aos ritmos da Colômbia.
Nota 2
Continuamos nosso segundo Programa Clandestino dedicado aos ritmos colombianos. Se começamos na parte mais ao norte dos Andes colombianos, vamos agora pegar a estrada e ir um pouco mais ao sul, um pouco mais a leste e continuar explorando a música tradicional das regiões montanhosas, das regiões rurais da Colômbia, caracterizada, como já foi discutido, entre outras características, pelo uso de instrumentos de corda, muitos instrumentos de cordas particulares e característicos que são difíceis de tocar e que, portanto, são tocados com grande virtuosismo. Vamos continuar então, vamos nos movimentar, vamos um pouco para a região central, que também faz fronteira com a região de Santander e que tem várias características em comum, tem vários ritmos em comum e eles se comunicam muito musicalmente, também comercialmente e obviamente também culturalmente.
Então vamos começar esse segundo bloco, ouvindo a música tradicional daquela região, começando pela música Qué vivan los novios, que se caracteriza, que pode ser caracterizada como um ritmo de carranga, ritmo ao qual já dedicamos um Programa Clandestino e também dedicamos outro Programa Clandestino ao Jorge Velosa, que é, talvez, o representante mais importante desse gênero. Que não é um gênero único, já que muitas vezes dialoga com outros gêneros mais tradicionais como bambuco, pasillo, que vamos ouvir também e a rumba criolla. Continuaremos com uma música que é justamente uma rumba criolla, que é La Loca Margarita, desta vez uma versão instrumental que conta a história de um personagem muito conhecido e a quem essa importante música é dedicada.
E continuaremos descendo um pouco para a região central, a região oriental dos Andes colombianos, e iremos ouvir um dueto muito conhecido que ouvimos quando fizemos o Programa sobre um grande compositor, o Jorge Villamil. Essa dupla, que é uma das mais importantes intérpretes de Jorge Villamil, é a dupla Garzón y Collazos, que vão tocar música Guabina Chiquinquireña, que é justamente um ritmo de guabina. E continuaremos ouvindo uma amostra de bunde tolimense, onde os tambores começam a aparecer com mais destaque, começa a ter uma influência um pouco mais indígena, um ritmo sincopado, muito particular, com uma música muito dançante, muito festiva, que é justamente uma amostra de Bunde da região de Tolima, que fica mais ao sul da Colômbia.
E continuaremos ouvindo a música Canta um Pijao, que é precisamente um bambuco, o bambuco que é quase uma matriz de ritmos, uma verdadeira matriz musical, é um dos ritmos mais tradicionais, mais conhecidos na Colômbia e em toda a região. Escolhemos esta música Canta um Pijao para também lembrar a importância fundamental que os povos indígenas têm nesta região, não só a nível cultural e linguístico, mas também a nível culinário e musical. E continuamos com algumas danças, como por exemplo a dança do ritmo da caña brava, que é da região de Tolima, que também se caracteriza, entre outras coisas, pelo cultivo da cana de açúcar. E vamos fechar o nosso segundo bloco do Programa Clandestino, ouvindo uma interpretação do dueto Ibarra e Medina em ritmo de albazo, que também é música de cordas, mais ao sul da Colômbia, praticamente chegando no Equador, na região do Equador, região da Fronteira. É o Programa Clandestino, o segundo Programa Clandestino dedicado aos ritmos da Colômbia, aqui, como sempre, no Rádio Eixo.
Nota 3
E continuamos nosso segundo Programa Clandestino dedicado aos ritmos da Colômbia, chegando no sul da região montanhosa, no sul dos Andes colombianos. Esse nosso terceiro bloco vai ser dedicado à festa, vai ser dedicado aos carnavais, vai ser dedicado às festas tradicionais, às festas típicas daquela região que tem muitas festas patronais, muitas festas nas pequenas cidades, carnavais importantes e música feita precisamente para essas ocasiões.
Essa região do sul da Colômbia, na região de Nariño, Cauca, se caracteriza por ser uma região de fronteira, não só a fronteira do Equador, mas de fronteira interna geográfica e cultural da Colômbia. Isso porque se encontra muito perto do Oceano Pacífico, muito perto das tradições, muito perto das influências, das culturas afro daquela região. Também faz fronteira com todas as regiões montanhosas, evidentemente, onde aparecem mais as tradições indígenas, mas também se encontra muito próxima do outro lado da savana, do llano, que tem outro tipo de tradições. Isso aí se junta, se faz uma mistura nova, uma mistura muito interessante que se demonstra muito bem nos próximos ritmos que a gente vai escutar. Aparecem vários instrumentos característicos e aí aparecem uns ritmos que são muito festeiros, que falam, as letras falam precisamente de festa, de dançar e curtir, se juntar com os amigos e tomar.
Vamos começar então escutando um ritmo de rajaleña que é caracterizado precisamente pelo seu ritmo sincopado, pela vontade que dá de dançar quando a gente escuta uma rajaleña. E desceremos um pouquinho mais, escutando a música Miranchurito, que é praticamente um dos ritmos da região de Nariño, que tem como capital a cidade de Pasto que tem um dos carnavais mais lindos de Latinoamérica. Esse carnaval, que não se faz na época de carnaval, se faz para o final do ano, é muito famoso, é reconhecido pela Unesco como patrimônio universal da humanidade: é o carnaval de blancos e negros, que é uma festividade que vai fazer uma homenagem à união das raças dos negros e dos brancos, que se juntam e criam uma nova cultura e conseguem viver em paz. Isso se faz com as brincadeiras que se fazem tipicamente nesse carnaval, onde as pessoas, na brincadeira, num dia são pintadas todas de branco e no dia seguinte são pintadas todas de negro, demonstrando assim um pouco a amizade e a união das culturas.
Vamos então continuar lá no sul, escutando o Son Sureño, que é precisamente uma música característica daquela região, daquele carnaval, é um ritmo característico daquele carnaval e de Pasto. que é um ritmo de San Juanito, também um ritmo tradicional dos carnavais da Cidade de Pasto, e que se relaciona com a música guaneña, que talvez seja a música mais conhecida, mais reconhecida da região da cidade de Pasto, e que não pode faltar em nenhum carnaval negros e brancos da Cidade de Pasto. Fechando assim nosso terceiro bloco de Música da Colômbia, de Ritmos da Colômbia, nosso segundo Programa de Ritmos da Colômbia, dedicado à região sul, às festas, às festividades, aos carnavais, à região de Nariño e à cidade de Pasto.
Nota 4
E vamos fechando o nosso segundo Programa Clandestino de Ritmos da Colômbia, nosso quarto bloco desse segundo Programa, fazendo um pequeno pulo geográfico. Se a gente estava no extremo sul da região andina da Colômbia, na fronteira com o Equador, já falamos que aquela região, que é a pontinha da Colômbia, tem um pezinho, digamos, no Oceano Pacífico, se encontra no meio das montanhas, mas também tem um pezinho do começo do que seria a região do Orinoquia, a região da Amazônia, que é vizinha, com a região chamada dos Llanos Orientales. Aquela savana, aquela grande savana que faz fronteira com a Venezuela, e é uma região extremamente rica, é uma região onde tem muitos cultivos, tem uma grande produção agrícola, é uma região então que não tem montanhas, é uma savana, uma llanura, como se diz. Essa região tem essa característica geográfica bem particular de não possuir montanhas, ser praticamente um mar, um oceano verde, por assim dizer, e com uma natureza bem particular, tem muitos animais que se encontram naquela região, grandíssimos rios que atravessam aquela região.
Tem então muitos poetas camponeses olhando para essa paisagem em particular, e eles criam poesia, tem muitas músicas que falam precisamente da relação dos seres humanos, da relação dos camponeses com o seu entorno natural, que realmente é muito particular, e além disso, também eles usam vários instrumentos particulares, tem vários ritmos que são tradicionais e que são importantíssimos, não somente na Colômbia, mas também na vizinha Venezuela, já que não encontrando praticamente nenhuma fronteira natural, ali as fronteiras são mais políticas. Os instrumentos também são muito semelhantes, por isso muitas vezes naquela região eles se consideram mais Llaneros do que colombianos ou venezuelanos.
E entre esses instrumentos particulares que já falamos, dentre outros, tem uma harpa, uma harpa que é claramente um instrumento europeu, que a gente já escutou no Programa Clandestino. Outro instrumento particular, muito importante, é o cuatro, que seria, para entendermos, uma espécie de cavaquinho, só que um pouco maior com as cordas que não são de aço e com outra entonação. Esses dois instrumentos, mais os capachos, que seriam uma espécie de maracas, compõem o que é o conjunto tradicional de música llanera, que muitas vezes é conhecido precisamente assim, como música llanera, só que tem muitas variações em cima dessa música. Um pouco o que acontecia quando a gente viu o Vallenato, que tem quatro ares diferentes, às vezes há quem diga que tem mais. Pois bem, com a música llanera acontece mais ou menos a mesma coisa. Essa música geralmente é considerada como joropo, que seria um gênero matriz, o gênero mais comum, mais tradicional, mas tem uma grande quantidade de variações que a gente vai tentar escutar aqui no nosso Programa.
Começando com a música Arpa, bandola y joropo, que é uma amostra precisamente de joropo, mas depois escutaremos outros ares de música llanera, sempre executada com a mesma formação. Então vamos escutando um exemplo de galerón, depois um exemplo de quitapesares, um exemplo de guacharaca, um exemplo de seis corrio e um exemplo de merecure. Todos ares llaneros, todas variações da mesma formação e da mesma tradição cultural da música llanera. E para fechar, vamos fazer uma homenagem a um subgênero, a uma característica que tem a música llanera. Aquela região dos llanos é caracterizada pela vida rural, pela vida no campo. Então os camponeses, as pessoas que se encontram no final do dia, sentam, talvez, ao redor do fogo e contar histórias. Eles adoram contar histórias.
Tem várias músicas com letras muito compridas, muito complexas, que mais que letras de música, são poesias. Então tem várias músicas llaneras, onde o mais importante é a história que ele conta. A música llanera tem uma linguagem, tem um vocabulário específico que, às vezes, para quem não é da região, é difícil de entender, como os nomes dos pássaros, os nomes dos animais, os nomes das ferramentas, ou mesmo as características do terreno, características do som, das nuvens, dos rios, etc. Encerraremos então nosso Programa ouvindo a famosa música El Caporal y el Espanto, na voz de Juan Harvey Caicedo, um cantor, um narrador, que se caracterizou por gravar esse tipo de música, que nada mais é do que poesia musicalizada. Essa música que contará, mais uma vez, a história do homem, do ser humano corajoso que você vai enfrentar ao diabo, que vai enfrentar um espírito que o desafia. Esse folclore que aparece em várias de nossas histórias na América Latina aparece aqui em mais um exemplo de uma cara corajosa que vai enfrentar o diabo, o poderoso espírito maligno que o desafia e que, como sempre, o bem vence e o ser maligno. Até aqui o momento nosso Programa Clandestino, nosso segundo Programa Clandestino, de ritmos da Colômbia, aqui como sempre no Rádio Eixo.
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