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  • Paola Antony

Mandrágora

Atualizado: 17 de nov. de 2022


Mandrágora faz música instrumental moderna, uma fusão entre diversos estilos e influências, técnica apurada e muita personalidade.

Eles evocam a suavidade do som do violão com a força de suas cordas de aço e se utilizam de violões de 6 e 12 cordas.

Representantes da música instrumental do Brasil, Mandrágora já se apresentou em festivais, casas de jazz e de música instrumental no Brasil e também teve a oportunidade de levar sua música para outros países. Mandrágora tem dois discos lançados e um DVD. O primeiro disco chama-se Mandrágora, e o segundo, Paralelo 31.

Paola Antony – Eu adoro esses violões que vocês carregam pelo mundo afora e vai ser ótimo apresentar e curtir vocês e seus violões aqui no Cumbuca, com os ouvintes da Rádio Eixo. Por falar nisso, em violão, como foi que vocês escolheram esse instrumento, como foi o encontro com o violão?

Daniel Sarkis – Ah, acho que foi natural. Eu comecei a tocar com uns 15 anos, mais ou menos, embaixo do bloco. Ah, vamos formar uma banda. Eu comecei pela guitarra, inclusive. Minha irmã tinha um violão em casa, eu também brincava... O instrumento é que me escolheu.

Jorge Brasil – Eu também, desde moleque já gostava. Comprei um violãozinho, comecei a tocar com aquelas revistinhas, sozinho, em casa, chegava lá e ficava horas em cima de um acorde.

Paola Antony – Qual era a fantasia?

Jorge Brasil – A fantasia era fazer parte de uma banda, ser um popstar, fazer sucesso, turnês pelo mundo (risos).

Paola Antony – A música é muito parceira da juventude, não é?

Jorge Brasil – Ainda mais aqui em Brasília. Cheguei a Brasília em 77. Brasília era aquele fazendão ainda, as quadras, tudo era muito tranquilo, Brasília era uma bolha realmente e não tinha muito o que fazer, a gente cresceu reclamando disso, então a gente arrumava o que fazer e tocar um instrumento sempre foi uma excelente alternativa. Descia, ficava embaixo do bloco tocando, juntava uma galera, fazia bandas, por isso Brasília teve aquele boom das bandas de rock'n'roll, as pessoas queriam tocar, fazer alguma coisa. Havia tempo para isso.

Paola Antony – E o Mandrágora, como foi que ele aconteceu?

Jorge Brasil – Bem, a gente se conheceu na Escola de Música, já tocando violão. A gente fazia Violão Erudito e Prática de Conjunto, que acabou se tornando a Orquestra de Violões. A gente se encontrava no corredor e nos intervalos, já era amigo da primeira turma, com outros amigos, e ficava fazendo um som. A gente sempre teve essa coisa de ficar criando, fazendo as próprias músicas.

Paola Antony – Meninos, para chegar aonde o Mandrágora está ou ao que o Mandrágora é, quais foram as influências?

Jorge Brasil – A gente tem várias influências. A própria Escola de Música nos apresentou muita coisa.

Daniel Sarkis – A gente começou ouvindo rock, sempre. Ainda escuto. Mas é isso, a entrada na Escola de Música fez a gente conhecer muitos estilos, instrumentos diferentes, que a gente não conhecia na época. Tinha 18 anos quando entrei lá. E é isso, vai abrindo sua mente, você conhece gente diferente, músicas diferentes e começa a dar valor a esses estilos. Não que eles não tivessem valor antes, sempre tiveram seu valor, mas a gente não conhecia. A gente começou a se enveredar por esse mundo, principalmente o da música instrumental, no qual a gente está até hoje.

Paola Antony – Sim, bem usadas as influências. Há a viagem em si, ou seja, o Mandrágora tem personalidade. Como se fez ou se forma essa personalidade musical?

Jorge Brasil – Eu realmente acredito que a gente é um pouco antena, sabe? Tem gente que não acredita nisso, acha uma balela, mas é como se as músicas já estivessem por aí, as ideias musicais, e a gente vai juntando, vai trazendo uma ideia e as coisas vão surgindo. A gente também sempre gostou muito de violões de cordas de aço. No início a gente não tinha, só tinha com corda de nylon, mas a gente ficava de olho, "pô" aquele violão de aço....

Ah, lembrei agora, o primeiro duo que eu ouvi e falei: cara, que barato, era o João Andrade e o Cláudio, lembra, Daniel? Lá na escola mesmo. Eles eram um pouquinho mais velhos que a gente e tocavam pra caramba.

Daniel Sarkis – Eles faziam parte da orquestra também e tinham esse duo e geralmente, no intervalo, eles tocavam as músicas deles e a gente ficava olhando e falava: "Que maneira essa formação". Eles foram a primeira influência. Bem lembrado.

Depois a gente conheceu outras formações, Duofell, todos com cordas de aço, com a sonoridade mais brilhante, até que a gente conseguiu ter acesso ao violão com cordas de aço e começou a se juntar, e a música foi fluindo e, com o tempo, a gente foi encontrando uma personalidade musical.

Paola Antony – Contem para a gente um pouco do processo criativo de vocês? A música Sideral, por exemplo, como surgiu?

Jorge Brasil – Eu estava no estúdio sozinho. A gente tem uma sala, mas essa sala veio anos depois. Durante muito tempo, a gente não tinha lugar e ia para a Esplanada dos Ministérios à noite, com nossos violõezinhos, levava uma garrafa de vinho bem barata e ia para lá, ficava em frente ao Panteão por horas, e isso durante muito tempo, né, Daniel? Ainda era tranquilo, e a gente teve muitas composições, muitas ideias musicais nessa situação. A ameaça eram os escorpiões que passavam por ali (risos).

Voltando à Sideral, em 2001, a gente alugou uma sala comercial na Asa Norte e, uma vez em que eu estava sozinho, peguei o violão e comecei a fuçar a ideia, e Sideral veio completa, veio toda. No dia seguinte, mostrei para o Daniel, que inseriu o violão dele, fazendo a melodia, e aí foi.


A entrevista completa do Mandrágora para o Cumbuca está em áudio, com uma seleção musical que percorre sua carreira e que pode ser conferida no SoundCloud da Rádio Eixo.




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