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Mambembe - Arthur Azevedo

Paola Antony



ROTEIRO


  • VINHETA DE ABERTURA – campanhinha toca três vezes

  • VOZ DE ABERTURA – PAOLA – “A RÁDIO EIXO APRESENTA EIXOENCENA”

  • BG -  “Mambembe” Chico Buarque (versão Chico e Roberta Sá)  trilha sonora de fundo. Rubrica para o sonoplasta (Colocar o som da música tal como pano de  fundo da voz do narrador...  bem baixinha)

  • SONOPLASTIA – DUAS CAMPANHINHAS


TIAGO

Narrador (rádio novela) – Olá ouvintes, este é o programa EIXOENCENA. Uma série de Rádio-Teatro que fará ao longo de 1 ano uma homenagem ao Teatro Brasileiro do séc. XIX e ao Teatro de Brasília. Eu sou TIAGO DE CARVALHO e nosso dramaturgo deste mês é ARTHUR AZEVEDO. O elenco do projeto EIXOENCENA é formado por mim  pela atriz LÍLIAN ALENCAR, pela atriz KARLA CALAZANS e grande elenco. Neste QUARTO E ÚLTIMO programa da série temos uma cena da peça  “O MAMBEMBE”.


BG – “MAMBEMBE” , COM CHICO E ROBERTA SÁ MESMO DA ABERTURA a música começa a  tocar mais baixinho, fica de fundo e o narrador inicia a cena...


Narrador (rádio novela) Representada pela primeira vez no Teatro Apolo, do Rio de Janeiro, no dia 7 de dezembro de 1904, ARTHUR AZEVEDO CHAMOU ESTA PEÇA DE UM BURLETA, uma comédia musical, uma farsa jocosa. O dramaturgo vem nos contar a situação do teatro em pleno Rio de Janeiro do início do séc. XX. Vejam esta cena que dá nome a peça, em que Frazão um ator frustrado com a situação de artista na cidade maravilhosa pretende ser empresário de Uma Cia de teatro e conversa com Dona Rita, uma entusiasta da arte e do Teatro e Laudelina, a mocinha que queria ser atriz.


SONOPLASTIA – UMA CAMPANHINHA


LAUDELINA (LÍLIAN) — Senhor Frazão, Dona Rita, desculpem eu me retiro.

FRAZÃO (TIAGO) — Não Laudelina; a senhora pode ficar, porque a conversa lhe diz respeito.

DONA RITA (KARLA) — Isto Laudelina, vamos ouvir, pois sim!

FRAZÃO — Sentemo-nos.  O caso é este, minha senhora... vou expor em poucas palavras, porque não tenho tempo a perder. Os meus minutos estão contados. Devo cavar três contos de réis de hoje para amanhã.  Como a senhora sabe, a vida do ator no Rio de Janeiro é cheia de incertezas e vicissitudes. Nenhuma garantia oferece. Por isso, resolvi fazer como antigamente, empresário de uma companhia ambulante, ou, para ser franco, de um mambembe.

AS DUAS — Mambembe?

FRAZÃO — Dar-se-á caso que não saibam o que é um mambembe? Nunca leram o Romance cômico, de Scarron?

AS DUAS — Não, senhor.

FRAZÃO — É pena, porque eu lhes diria que o mambembe é o romance cômico em ação e as senhoras ficariam sabendo o que é. 

AS DUAS – Ficaríamos?

FRAZÃO - Mambembe é a companhia nômade, errante, vagabunda... 

AS DUAS – Errante e Vagabunda?

FRAZÃO – Errante e vagabunda e organizada com todos os elementos do teatro...

AS DUAS – E é teatro?

FRAZÃO - Teatro que um empresário pobre possa lançar mão num momento dado, e que vai, de cidade em cidade, de vila em vila, de povoado em povoado.

AS DUAS – ITINERANTE?

FRAZÃO – Itinerante e dando espetáculos aqui e ali, onde encontre um teatro ou onde possa improvisá-lo. 

AS DUAS CANTAM – “DEBAIXO DA PONTE, CANTANDO, POR BAIXO DA TERRA CANTANDO, NA BOCA DO POVO CANTANDO...”

FRAZÃO – “NO PALCO, NA PRAÇA, NO CIRCO NO BANCO DE JARDIM, CORRENDO NO ESCURO PICHADO NO MURO, VOCÊ VAI SABER DE MIM”

AS DUAS – “MAMBEMBE, CIGANO, DEBAIXO DA PONTE, CANTANDO, POR BAIXO DA TERRA CANTANDO, 

TODOS - NA BOCA DO POVO... CANTANDO...”


Os três batem palmas e riem...


FRAZÃO – ISSO SENHORAS! Aqui está quem já representou até em cima da mesa de um bilhar!

LAUDELINA — Deve ser uma vida dolorosa!

FRAZÃO — Enganas-te, filha. O teatro antigo principiou assim, com Téspis, que viveu no século VI antes de Cristo, e o teatro moderno tem também o seu mambembeiro no divino, no imortal Molière, que o fundou. 

DONA RITA – Então, Basta isso para amenizar na alma de um artista inteligente quanto possa haver este doloroso vagabundear constante. 

LAUDELINA - E, a par dos incômodos e contrariedades, há o prazer do imprevisto, do esforço, da luta, da vitória! Se aqui o artista é mal recebido, ali é carinhosamente acolhido. 

FRAZÃO – ISSO SENHORAS, ISSO SENHORAS. Se aqui não sabe como tirar a mala de um hotel, empenhada para pagamento de hospedagem, mais adiante encontra todas as portas abertas diante de si. Todos os artistas do mambembe, ligados entre si pelas mesmas alegrias e pelo mesmo sofrimento, acabam por formar uma só família, onde, embora às vezes não o pareça, todos se amam uns aos outros, e vive -se, bem ou mal, mas vive-se!

LAUDELINA — E... a arte?

FRAZÃO — Tudo é relativo neste mundo, filha. O culto da arte pode existir e existe mesmo num mambembe. Os nossos primeiros artistas — João Caetano, Joaquim Augusto, Guilherme Aguiar, Xisto Bahia — todos mambembaram, e nem por isso deixaram de ser grandes luzeiros do palco.

LAUDELINA — Mas de onde vem essa palavra, mambembe?

DONA RITA – Isso, de onde vem?

FRAZÃO — Creio que foi inventada, mas ninguém sabe quem a inventou. 

DONA RITA – É, então um vocábulo anônimo trazido pela tradição de boca em boca e que não figura ainda em nenhum dicionário, o que aliás não tardará muito tempo. 

FRAZÃO - Um dia disseram-me que, em língua mandinga, mambembe quer dizer pássaro. Como o pássaro é livre e percorre o espaço como nós percorremos a terra, é possível que a origem seja essa...

LAUDELINA – E o teatro o que é o teatro?

FRAZÃO – A maior das artes Dona Laudelina, onde simplesmente representamos tudo e todos... e digo mais enquanto o homem existir, existirá o teatro, pois o que o homem gosta mesmo é de saber e viver a vida do outro ao invés de tomar conta de sua própria vida


OS TRÊS ATORES – E VIVA O TEATRO, VIVA O TEATRO BRASILEIRO... Riso longo dos três atores


BG – “MAMBEMBE” , COM CHICO E ROBERTA SÁ MESMO DA ABERTURA a música começa a  tocar mais baixinho, fica de fundo e o narrador inicia a cena...


Narrador: Arthur Azevedo em Mambembe nos oferecerá esta bela comédia musical para celebrar o teatro e suas dificuldades, e como é difícil sair com uma trupe de teatro, uma carroça mambembe por aí fazendo teatro, e quem a fundo quiser saber sobre a enorme gama de personagens desta peça, terá que ler, leiammmmmm....


KARLA

O teatro brasileiro do séc. XIX foi muito rico, e além de entretenimento do nosso povo, ajudou a construir as principais salas de espetáculo do Brasil, o Teatro Municipal do RJ, O Teatro Municipal de SP, o Teatro Imperial de Ouro Preto, O teatro Arthur Azevedo no Maranhão, o Teatro José de Alencar em Fortaleza, O teatro Amazonas na Floresta em Manaus, e o Teatro Nacional de Brasília que esperamos já há mais de UMA DÉCADA por sua restauração e reforma...


LÍLIAN

A música ao fundo foi “Mambembe” de Chico Buarque que é nossa trilha sonora principal ao longo destes últimos seis meses, uma obra prima de homenagem ao teatro e aos artistas que correm o Brasil e o mundo com seus espetáculos. 



KARLA

E assim encerramos o QUARTO E ÚLTIMO episódio na nossa série: o Teatro de ARTHUR AZEVEDO. AINDA neste mês e no próximo vocês poderão ouvir 18 pequenos programas, pílulas de rádio em homenagem aos grandes nomes do teatro de Brasília. 


LÍLIAN

Agradecemos em muito seu prestígio e paciência querida e querido ouvinte por terem se colocado com atenção no nosso programa EIXOENCENA. Foi bom demais dividir com vocês nestes últimos SEIS meses com toda essa carga emotiva e de informação A HISTÓRIA DO teatro brasileiro do séc. XIX.


TIAGO

O programa EIXOENCENA é parte do projeto RÁDIO TEATRO, OS FUNDADORES  DO TEATRO BRASILEIRO E O TEATRO DE BRASÍLIA realizado com recursos do FUNDO DE APOIO À CULTURA DO DISTRITO FEDERAL  e como se diz no bom e velho teatro fiquem bem e 

OS TRÊS ATORES CANTAM: “NO MEIO DA PONTE CANTANDO, POR BAIXO DA TERRA CANTANDO, NA BOCA DO POVO CANTANDO...”

VOZ DA RÁDIO – PAOLA – A RÁDIO EIXO APRESENTOU EIXOENCENA

BG – Volta “Mambembe” de Chico Buarque na versão original para encerrar o programa



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